quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Rafael Cortez: Adeus, CQC!



No penúltimo disco de sua carreira, intitulado “Meus Sonhos Dourados”, a cantora Nara Leão dedicou-se a cantar versões em português, dela e de amigos, para clássicos do cancioneiro americano. Em uma dessas músicas, a minha predileta no disco todo (“Coisas que Lembram Você”, versão de Aloysio de Oliveira para “These Foolishing Things”, de Stracey – Marvell – Link), ela se pergunta: “como eu irei agradecer os bons momentos que você que me deu para eu viver”? Pois é essa pergunta que faço ao CQC, agora que encerro um ciclo de 5 anos e inúmeras descobertas.

O dia 08 de novembro de 2007 é emblemático para mim. Foi alí, a caminho da aula de natação, que recebi o telefonema da produtora Renata Varela, da Cuatro Cabezas – Eyeworks. Ela queria saber se eu toparia fazer uma entrevista para a vaga de produtor de um programa novo, sucesso na Argentina, cujos direitos a Band acabara de adquirir com o intuito de colocar no ar no ano seguinte, por volta do mês de março. Eu, que já havia decretado nunca mais trabalhar como produtor de televisão, recebi com curiosidade aquele telefonema. A Renata não podia falar de que programa se tratava, ainda. Bom, marquei com ela e o diretor da atração no Brasil, um cara chamado Diego Barredo, às 10:30 do dia seguinte. Teríamos uma reunião no hotel desse cara. Fiz minha aula de natação com uma pulga atrás da orelha. Eu tinha que saber mais sobre esse tal programa.

Ainda na rua, voltando para casa, liguei para uma amiga comum entre a Renata e eu. A Diana Assenato, amiga até hoje da minha irmã. Pressionei um pouco e ela me contou saber qual era o projeto que me queria como produtor. Sucesso há mais de 10 anos na Argentina, era o CQC – Caiga Quien Caiga, o que significa aqui algo como “Caia Quem Cair”. Enquanto ela me falava como era o bicho, perguntei: “o que você acha de eu tentar a vaga de repórter”? Ela pirou com a possibilidade, disse que eu era a cara do programa, que desse uma olhada no Youtube e me certificasse. Fiz isso assim que cheguei em casa e vi 2 matérias do CQC argentino com o repórter Andy Kusnetzoff, o lendário “notero” do CQC hermano, o cara que virou referência de qualidade mundial do programa. Em seguida, conferi uma matéria muito boa de um CQC chileno indo na porta da casa do ditador Augusto Pinochet, que então completava 90 anos. Demais! Fiquei maluco com a possibilidade de fazer entrevistas no programa que chegaria ao Brasil em poucos meses!

No dia seguinte, fui à tal reunião com a Renata Varela e o tal Diego Barredo. Antes mesmo de me detalharem o trabalho de produtor, interrompi dizendo que queria mesmo era o microfone. Aquilo causou um estranhamento no recinto; a Varela questionou se eu fazia ideia do que queria de fato, que assim era perda de tempo para eles, etc. Nisso, o Barredo foi categórico. “Ok, deixo você fazer o teste. Mas se você não se sair bem nele, não terá nenhuma vaga de nenhuma espécie no programa”. Topei a proposta na hora.

Pensando bem hoje, minha iniciativa foi uma loucura. Eu queria ser repórter de um programa de humor sendo que eu nunca havia sido repórter televisivo. Fizera, até então, um desastroso teste para o programa Metrópolis, da TV Cultura. Só. E nunca tinha feito humor. Que mais? Eu não tinha um videobook. Eu não estava em cartaz com nada. O elenco do programa seria composto por pessoas do meio do Stand-Up assistidas nos próximos dias em cena, pelo Barredo, Varela e alguns argentinos mais. Eu era o grande azarão da turma com uma proposta muito cara-de-pau. Mas ali, naquela ousadia, eu já era um CQC. E o Barredo soube disso antes de mim.

Fiz dois testes na prática mesmo, valendo 100%. Os caras me soltaram em uma pauta de celebridades e, dias depois, em outra, de política. “Faça-nos rir”, me pediram. E eu lembro que minha primeira piada para eles foi uma tragédia completa. Eu fingia ser perseguido por uma logomarca da Brastemp projetada do teto ao chão do local do evento através de um laser. Saí gritando que era uma invasão alienígena. Olhei para trás e vi uns 6 argentinos me encarando para falar, em espanhol e entre eles, coisas como “que bolúdo, qué passa?”, essas coisas. Barredo olhou para mim e me pediu para fazer coisas que realmente prestassem, haha! E a coisa naquela noite só virou quando eu entrevistei a Constança Pascolato, a senhora da moda e finesse, que embarcou completamente numa proposta maluca de conversa que puxei. Foi graças à generosidade dessa dama que o jogo virou.

Na pauta-teste de política, olha minha sorte: Fui entrevistar justo o Zé Eduardo Cardoso, atual Ministro da Justiça. Na época, ele era candidato à vaga de presidente interino do PT, e estava indo votar. Eu digo “que sorte” porque, quem acompanha política no Brasil hoje, sabe que - gostem ou não desse político e de seu partido - é fato que o cara é um dos mais simpáticos, solícitos e colaborativos em entrevistas. E foi assim comigo, e deu certo.

Ao longo dos meus testes, duas pessoas me ajudaram muito, com dicas e opiniões importantes: o então cinegrafista da Cuatro Cabezas, Hernan Halak e sua namorada, hoje esposa, minha prima Claudia Cortez. Sempre serei grato a eles por isso.
Três TENSAS semanas depois de meu último teste, mais especificamente no dia 20 de dezembro de 2007, Diego Barredo me ligou da Argentina pra me dar o veredicto se eu estava dentro ou não. E eu não podia atender o cara! Justo naquele momento eu estava numa reunião com a Secretária de Estado da Cultura, no Centro, falando de um projeto que eu inscreveria ali naqueles dias, para receber uma verba através de um Edital para tocar violão em escolas públicas em 2008! Ao mesmo tempo em que eu sabia que já havia passado num teste para integrar um grupo de atores da Cidade do Livro, projeto educacional paulista que faz sucesso até hoje mas que nunca pagou bem seus intérpretes. Tudo isso é para vocês entenderem o quanto eu estava desesperado naquele final de ano; buscando propostas sérias de trabalho para 2008.

Bom, o Barredo ficou de me ligar em 15 minutos, e esses 15 minutos duraram uma hora. Nesse tempo todo eu fiquei na rua sem andar muito, pois temia que o sinal do celular caísse. Enfim ele ligou e fez aquele suspense básico de quem vai passar uma grande notícia. No que ele me disse “bem-vindo ao melhor programa de TV que o Brasil vai ter”, perguntei se eu podia gritar. E gritei na rua, na qualidade de primeiro integrante contratado do elenco do CQC Brasil, feliz porque eu sabia que a minha vida, enfim, daria certo.

E como deu!

Finalmente, depois de 12 anos de ralação no mercado cultural, eis que as coisas passariam a virar para mim! Até então eu havia tentado de tudo nesse setor de artes e espetáculos: fui produtor de curso de teatro, operador de luz e som de espetáculo, assistente de palco, ator de produções televisivas independente, produtor televisivo, Assessor de Imprensa de centros culturais, produtor de circo, ator de curta-metragens e de teatro adulto e infantil, proponente de projetos para editais, realizador de festinhas infantis, violonista de ballet e restaurante, TUDO! Mas eu fazia testes e não passava. Entregava projetos e eles não eram aprovados. Tinha 31 anos e ainda ralava que nem um maluco para pagar meu aluguel. Morava com minha irmã num apezinho do BNH na Vila Madalena. Parecia que nunca ia me dar bem, mesmo com a minha certeza absoluta que daria. Justiça seja feita - o cursor de águas na minha vida foi o CQC.
Foram cinco anos inacreditáveis. Alguns números são testemunha do que digo: fiz 528 quadros, sendo 126 CQtestes, 375 matérias (incluindo “Identidade Nacional”, “Trabalho Forçado”, “Proteste Já”, “Resta Um”, etc) e 27 “Documentos da Semana”. Fora os 13 Cqtestes, 04 Documentos da Semana e as 66 matérias que vocês nunca viram e nem verão, pois não foram ao ar por algum motivo, o que é muito comum em televisão. Conheci 10 países. 27 Estados. 35 cidades. Virei cidadão do mundo no passaporte e Rafael Cortez no Brasil. Que barato!

As experiências foram muitas, e inacreditáveis. Cobri os principais Festivais de Cinema do mundo, como Cannes (onde Quentin Tarantino me expulsou de seu hotel e Pedro Almodóvar me deu um selinho) e Veneza. Foi no último que invadi o Tapete Vermelho e fui detido pela polícia local ao tentar entrevistar George Clooney e Brad Pitt. Estive em Cúpulas de Chefes de Estado como as do Brasil, Paraguai e Peru. Nesta última, eu e a equipe conseguimos nos infiltrar numa área restrita e de segurança, onde passamos cerca de 5 horas falando com presidentes como Hugo Chávez, Zapatero, Angela Merkel, Evo Morales, Álvaro Uribe e Cristina Kirchner, a argentina que eu paquerei por todo esse tempo. Ah, foi no Peru que entrevistei um segurança do presidente equatoriano Rafael Corrêa achando ser o próprio! Na posse do novo líder do Chile, me misturei aos fotógrafos da então presidente Michelle Bachelet no salão nobre de sua residência oficial e puxei um papo furado sobre obras de arte com ela, enquanto filmávamos disfarçadamente. Fui a um encontro de potências mundiais da ONU, em NY, onde os seguranças do Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, não nos deixaram filmar sua saída do hotel – os brucutús apontaram metralhadoras para nós e todos os demais curiosos que se aglomeraram na porta do hotel dos presidentes para ver a saída das comitivas escoltadas.

Que mais? Cobri uma Copa do Mundo, que foi ao mesmo tempo a pior e a melhor experiência da minha trajetória de matérias com o CQC. Foram 36 dias num país desconhecido, sem falar bem o inglês, comendo e dormindo mal e, que ironia!, cobrindo FUTEBOL, o que eu nunca curti muito. Mas lá rolou a uruca à Seleção Argentina e a Figa Maldita para a seleção da Costa do Marfim, o Campeonato de Beijos com o Felipe Andreoli (ganhei esmagadoramente!), a invasão ao camarote do presidente da África do Sul que nos rendeu confisco de fita, credenciais e quase uma noite na prisão de Joanesburgo e, o mais legal, o Guerreiro do Hexa! Também estive na Olimpíada de Londres, fiz rap com o Will Smith e fui esnobado pelo Seinfeld em NY, cantei desastrosamente para o Steven Tyler e dei os óculos do CQC para o Elton John numa das festas do Oscar 2012, em L.A, enchi o saco do Jack Nicholson nas 500 Milhas de Indianápolis (lá também falei com David Letterman), acompanhei uma guerra de laranjas de mais de 200 anos em Ivrea, na Itália, e por aí vai. São muitas e muitas histórias pra contar...

Nas minhas pautas brasileiras, não faltaram coisas incríveis também. Dei os óculos do CQC pro Lula, então nosso presidente... E essa foi a PRIMEIRA matéria do CQC Brasil, a nossa matéria inaugural.

Quer uma lembrança engraçada? Fiquei jogando conversa fora com o grande músico João Donato no hotel depois de gravarmos um CQTeste. Mas detalhe, a mulher dele ligava e ele me dava o telefone para que eu pudesse dizer “o João não está”. A pobre cônjuge apenas pedia, “não deixa ele ir pra Copacabana! Lá tem as putas, pelo amor de Deus”! Hahahaha!

Em Manaus, dei os óculos do CQC pro Schwarzenegger, que depois quebrou o esquema de segurança pra vir me parabenizar pelas piadas. Em Manaus também, fui um dos jornalistas convidado a jantar com o cineasta James Cameron. Fiquei calado do começo ao fim do jantar, só aproveitando a boca-livre... No Recife, mostrei um curta-metragem tosco para os maiores cineastas do Brasil, justo num festival de Cinema! Em Bauru, brinquei de interpretar filmes do Kevin Costner para o próprio!! Dei uns amassos numa ex-BBB num Prêmio Multishow que invadi em seguida – e só não entrei no palco ao vivo porque achei que seria MUITA sacanagem com os organizadores e os seguranças.

Tem mais coisa... Toquei violão pro Caetano cantar e mostrei uma música a 4 mãos com Lulú Santos. Fiz o Gil cantar no lugar de dar entrevista nas Eleições 2010 – era o que ele estava afim de fazer. Entrevistei a Gal Costa e ganhei um elogio especial dela no Twitter. Vi a Luana Piovani arremessar uma sandália de brincadeira no nosso cinegrafista no CQTeste para, pro azar dele, acertar o cara na boca sem querer! Haha! Ela ligou pra gente duas vezes naquele dia para saber se ele estava bem... Vi os peitos da atriz pornô Pâmella Butt saindo pra fora no meio do nosso CqTeste. Roubei o cartão de crédito do Maluf. Fiz discurso no microfone pra multidão da Festa da Força Sindical, falando mal do Paulinho da Força, o anfitrião, na cara dele! Hehehe... Deixei o Delúbio Soares se arrepender de me dar entrevista. Peitei a Jaqueline Roriz. Expliquei pro Collor que fiquei rouco em 92 de tanto que gritei “fora presidente!” Invadi um palanque do Lula e falei em primeira mão com sua pré-candidata Dilma Rousseff. Aliás, fiz um grupo de crianças cumprimentar a presidente Dilma com reverências de rainhas, já que ela estava se comportando como uma no Teatro Municipal do Rio! Quase joguei uma bola de beisebol pro Obama quando ele chegou no receptivo da Dilma, em Brasília. Disse pra mulher dele, dona Michelle Obama, que eu era um “latin lover”, haha! Por essas duas, o FBI ficou na nossa cola o resto da pauta... Que mais?

Dei um fora no folgado do advogado do Salvatore Cacciola. Fiz entrevistas memoráveis com o José Dirceu, onde apertei bem o homem (e ele respondeu!!). Entrevistei o Miguel Falabella bêbado, sendo que eu também estava! E durante a pauta toda! Dancei ridiculamente com o Cid Moreira no Oscar do Jornalismo Brasileiro, o Prêmio Comunique-se. Fiz o Eike Batista pagar 25 mil reais num vestido da Gisele Bundchen (que me adotou numa pauta!), sendo que o tal vestido estava sendo leiloado por 4 vezes menos!!! Peguei fogo numa matéria onde mostrei o trabalho dos dublês. Fiz crianças mandarem perguntas gerais para deputados que, é claro, sabiam menos que as pimpolhas! Entrevistei o Chico Buarque e bati um papo de 3 minutos com o gênio em seguida, sem gravar (vi que o Chico tem grandes cravos pretos no rosto, como o meu pai). Falei com o Rei Roberto Carlos, mesmo vestido de preto da cabeça aos pés. Arranquei um sorriso do Ney Matogrosso, acredita? Foi tudo muito legal...

Claro, algumas coisas foram bem traumáticas nesses cinco anos de programa. Errei feio, muitas vezes. Olha essa: ainda na fase de preparação dos repórteres, em fevereiro de 2008, fiz uma piada em inglês com um ator britânico chamado Anthony Daniels. Ele é clássico e só fez coisa fina no teatro, mas ganhou grana em Hollywood interpretando o C3PO em todos os filmes da série “Star Wars”. Bem, eu quis falar algo como “C3PO e R2-D2 deram uns beijos nos filmes”? Mas ao invés de “kisses” falei “blow job”, e isso todo mundo aqui entendeu. O cara ficou furioso, parou a entrevista e cancelou todas as demais daquela noite, o que deixou os jornalistas presentes putos comigo. Ainda nessa matéria ofereci um cigarro de palha para uma maquete do R2-D2 falando “Dê dois, mas mantenha o respeito!”. Uma bosta de piada. Mas viram isso e ligaram pros meus chefes dizendo que eu estava andando com maconha na pauta e incitando robôs ao vício!

Querem mais? Em uma pauta onde estudávamos um tipo de perfil de entrevistador, interpretei o “repórter bom/ repórter mal”. Um cara que é bipolar com o entrevistado. Bem, eu estava fazendo isso com a atriz Virgínia Nowick. Nas perguntas boas do lado bom do repórter, ela estava encantada... Quando virei o repórter mal, ela se enfezou e foi embora da festa. Nunca mais falou com o CQC. Quem também nunca mais falou com a gente foi o José Genoino, aquele mesmo, o réu do Mensalão. Mas o que ninguém sabe é que, em fevereiro de 2008, ele falou. Mas eu peguei pesado demais com o cara e isso nos custou sua recusa em dar entrevistas pro programa desde então. Do mesmo modo que acontece até hoje com uns empresários do meio artístico que são poderosos e poderiam nos liberar para um monte de pautas, mas não o fazem porque eu peguei um deles e apelei na pergunta, também em fevereiro de 2008. Erro meu; eu ainda não sabia qual era o tom do programa e qual era o meu próprio estilo.

Mais pessoas foram vítimas da minha inexperiência – e talvez de algum veneno aqui guardado, em algum lugar. Não fui legal com a cantora Marina Lima numa matéria. Pedi desculpas públicas a ela no meu blog da época, e toda vez que a encontro reitero o quanto fui babaca naquela ocasião. Ela me desculpou, graças a Deus. Na minha segunda matéria exibida no programa, a que levo o senador Eduardo Suplicy ao show do Bob Dylan, perdi a cabeça com uma manifestante política de esquerda que estava atrapalhando as gravações com palavras de ordem. Só não deu merda porque nosso produtor na ocasião, o Roberto Halls, me tirou de lá. Mais ainda: tomei um sermão do ator Ricardo Macchi porque fiquei provocando-o com piadas do Cigano Igor. Ele me deu uma aula de respeito e uma lição pra vida toda alí.

Outras coisas não legais, algumas até engraçadas: Andei seminu de bicicleta com ativistas de SP. Tomei banho com uma ex-paniquete gostosa no meio de uma matéria, mas perdi a gata porque eu estava usando uma ridícula cueca cinza-brochante. Rasparam meu cabelo porque fiz uma aposta IDIOTA na Copa do Mundo, achando que o Brasil levava... Quanta ingenuidade... Mais, perdi entrevistados incríveis por conta de piadas de péssima qualidade que improvisei na hora, como os diretores Jayme Monjardim e Paulo José. Errei uma pergunta foda pro Celso Pitta, e era para ser um hit! Quase apanhei feio de um torcedor argentino que provoquei feio na eliminação do time na Copa de 2010. Se não fosse o produtor Daniel Cronfli, eu estava ferrado!

Agora, coisas ruins mesmo que rolaram para mim ao longo de 5 anos de CQC: Não consegui falar nem com o Maradona e nem com o Nelson Mandela na Copa de 2010. Eram minhas missões pessoais, e missão dada é missão cumprida. Nunca consegui entrevistar a Hebe. Tomei uma cusparada na cara do ator bad-boy Paulinho Vilhena no meio de uma entrevista...

Mas a pior coisa que me aconteceu no programa foi a Maria Bethânia ter odiado uma piada que fiz para ela (e fiz errado porque estava muito nervoso por entrevistá-la). Quando ela disse “me respeite” e me deixou falando sozinho, meu mundo desmoronou. Logo eu, errar assim, e com uma das minhas maiores ídolas! Por sorte e empenho pessoal, em outubro desse ano estive novamente com ela e pedi desculpas, com toda humildade e do fundo do meu coração. E ela aceitou, ufa! Se eu partisse sem essa alforria de culpa, certamente não estaria tão tranquilo como estou agora.

Quero registrar algumas pessoas que fizeram toda a diferença como entrevistadas. O finado Marcos Paulo sempre me tratou com gentileza e colaborava com tudo nas matérias. Era um personagem raro. Selton Mello também, e eu já fiz piada babaca com ele. Nunca esqueço de uma matéria onde o entrevistei antes de entrar numa festa. Ao término da gravação ele me disse: “vamos tomar uma cerveja lá dentro depois”! Eu falei que sim, claro, mas achei que era só uma gentileza dele. Mais tarde, na balada, já sem gravar, estou conversando com minha equipe quando recebo um cutucãozinho nas costas. Era o Selton Mello, com duas cervejas. A gente não esquece uma coisa dessas.

Não esqueço também da Rita Cadilac fazendo o CQTeste comigo na casa dela, no litoral paulista. E eu suado, um calor do cão. Acabada a gravação, ela me dá uma toalha e diz que é para eu tomar um banho no quarto de hóspedes. Eu vou, todo sem-graça, e ela fica na sala com toda equipe. No que eu volto de banho tomado, ela mandar servir um BANQUETE para todos nós que trabalhamos lá. Câmera, assistente, motorista, produtor, eu... Tudo sem distinção. O mesmo fez o incrível Carlos Alberto de Nóbrega, da Praça é Nossa, que além de oferecer uma comilança maravilhosa, brindou a todos com um papo ótimo e uma série de “causos” irados de quase 6 décadas de carreira. Realmente, a gente não esquece pessoas assim.

Definitivamente, duas pessoas foram sensacionais em todas ocasiões em que as entrevistei: Claudia Leitte e Ivete Sangalo. As duas são baianas calorosas, lindas de morrer, grandes, tem seus jatinhos e show milionários. Não são obrigadas a dar moral para repórteres de programa de humor, mas ambas sempre foram incríveis comigo. Nunca vou esquecer da Claudia Leitte me dando 6 ingressos com tudo pago e acesso total ao réveillon de Salvador de 2010. E ainda me deixou abrir o show para ela! E nunca vou esquecer também do dia em que Ivete Sangalo saiu do show “Elas Cantam Roberto” e fez questão de atravessar uma multidão de fotógrafos, fãs, seguranças e curiosos, só para falar comigo. Eu estava praticamente do outro lado da rua, e ela fez isso. São coisas assim que não tem preço. Ela sabia que para a minha matéria faria muita diferença ter uma entrevista com ela, por isso fez esse sacrifício!

O CQC me possibilitou encontros e experiências bem emotivas. Recebi uma inesquecível homenagem por minhas 500 matérias no Agora é Tarde, do Danilo Gentili. Ganhei o Prêmio QUEM de Melhor Jornalista de TV em 2008. Fui no Provocações, do Abujamra. Estive no Comédia MTV, num episódio especial, contracenando com parte dos meus heróis no humor. Porra, eu dei entrevista pro Jô Soares!!!! E conheci o Sílvio Santos quando ele entrevistou a mim, Andreoli e o Tas, na ocasião em que fomos receber o Troféu Imprensa de Melhor Programa de Humor da TV e da Internet de 2008! Não é demais?

Enfim, trezentas e cinquenta mil linhas se passaram e digo que o saldo final do CQC, para mim, foi muito bom  – mesmo nas experiências ruins que eu citei. Graças ao CQC, tenho novos trabalhos, posses, muitos amigos, fãs legais, algumas mulheres sensacionais que apareceram, sumiram e ainda aparecerão, enfim... Tenho um nome, e ele me dá visibilidade para um monte de projetos paralelos. Tenho até um novo contrato para uma nova emissora, com um projeto muito bacana! Por fim: Eu agora existo para esse país - e quem me possibilitou essa experiência midiática foi o programa.

No entanto, tenho meus pés no chão. Eu não comecei minha carreira como um “homem de preto” e não vou terminar como um. Tenho a consciência de que foi o CQC que deu o “UP” em todas as coisas. E foi com trabalho que eu procurei retribuir essas maravilhas que ganhei nesse show. Sei que o CQC fez muito por mim, mas eu retribuí à altura e fiz tudo que pude por ele. Tudo mesmo. Minhas matérias provam isso. Trabalhei duro: nas gravações, nos bastidores, na logística, em tudo. Ninguém pode falar um “A” de mim lá dentro. A dívida tá paga, CQC.

Não posso encerrar essas linhas gigantescas sem agradecer algumas pessoas: o segredo do programa, para mim, sempre foi a equipe. Aparecem publicamente os “caras de preto", mas na equipe estrutural tem uns 60 manos e minas dando duro. O povão não sabe dessa galera, mas deveria. Parabéns aos sonoplastas, assistentes de câmera, operadores de áudio, galera de limpeza, transporte, manutenção, arte, pós-produção, finalização, cinegrafistas, assistentes de câmera, pauteiras, produtoras de base, figurinistas, roteiristas... E parabéns a quem forma a base sólida da televisão - os produtores. No CQC, eles sempre foram nossos anjos da guarda e os amigões de todo o tempo. Muito, mas muito obrigado mesmo, amigos.

Obrigado Gonchi, diretor do CQC. Obrigado Max, nosso diretor de conteúdo. Valeu pela paciência, dedicação e ensinamentos.

O meu agradecimento especial vai para a Renata Varela, meu primeiro contato no programa. Outro apreço fora de série vai para o Diego Barredo, que me deu uma oportunidade. E ao Diego Guebel e Elizabetta Zannati, então diretora artística da Band, o reconhecimento de quem sabe que suas aprovações foram decisivas para essa trajetória toda acontecer tão bem.

Obrigado, todo grupo Bandeirantes de Comunicação. Foi bem legal trabalhar com vocês e para vocês! Valeu pela força, carinho e amizade.

Obrigado, fãs do programa e público querido que nos acompanha até hoje. Obrigado a todos e todas que lamentaram minha saída, mandaram força e palavras de apoio, e solidarizaram comigo nesse momento de adeus. Carinho especial para as fãs Gabi Martinez, Las Cortezas e, pelo presente especial no meu último dia de programa, as meninas Ana Félix, Brenda Freitas, Carol Alvez, Caroline Mendes, Elis Santos e as quatro Jéssicas - Santos, Almeida, Barbosa e Suellen!

Finalizando, meus agradecimentos aos repórteres e apresentadores do CQC, alguns hoje bem meus amigos. A todos que passaram e que hoje estão ali, em especial aos 7 primeiros, à Primeira Geração: Rafinha, Tas, Luque, Danilo, Oscar, Andreoli... Ao lado de vocês, formo o primeiro time desse projeto. Muitos outros passarão por aí, mas nosso lugar está guardado. Nós demos nossa cara por esse trabalho antes de todos, e para sempre seremos o “dream team” do CQC. Que venha o futuro e suas novidades; o que é nosso tá guardado e eu tenho muito ORGULHO do que fizemos juntos.

Um abraço,

Rafa Cortez – que, em janeiro, já estará a pleno vapor numa nova emissora e por conta de um novo projeto... vem aí, pela Record e comigo na apresentação... GOT TALENT BRASIL! Aguardem...

Fonte: Coisas do Cortez/Yahoo!

Mundo CQC: Olá Cortez, em nome do FC Mundo CQC quero te agradecer pelos 5 anos de serviço prestados ao melhor programa da TV brasileira. Você é um excelente comunicador e fará muita falta ao programa, mas você tem um lugar guardado no coração de cada fã do CQC. Te desejo muita boa sorte no seu novo programa na Record e que portas como essa continuem se abrindo pra você.
Um grande abraço e #ValeuGolfinho!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

o rafael cortez vai fazer falta.

mas, MEU DEUS!!! como esse cara fala!!! esse texto nao acabava nunca! mas é a cara dele!!

Anônimo disse...

o rafal cortez fará falta.
mas MEU DEUS!!! como esse cara fala!!!
mas ficou a cara dele!