quarta-feira, 25 de abril de 2012

Recife: Equipe do CQC deixa vereadores apavorados


Reajuste de 62% para os vereadores leva equipe do programa humorístico à Casa. A maioria fugiu para não dar entrevista

Ronald Rios deixa vereadores em saia justa - Foto: Priscila Buhr/JC Imagem

Era para ter sido apenas mais uma tarde de sessão esvaziada em período de pré-campanha, mas a Câmara do Recife teve sua rotina alterada, nesta terça-feira, pela chegada da reportagem do programa humorístico CQC, da Band. O resultado poderia ser considerado cômico, se não fosse pelo fato de, ali, estarem homens públicos, eleitos pelo povo. Conhecido por colocar os políticos no Congresso Nacional em saia-justa com os questionamentos, o grupo aterrissou no Legislativo municipal para tratar de um tema indigesto para os vereadores, especialmente em ano de eleição: o aumento de 62% nas suas remunerações, aprovado por unanimidade no ano passado e válido a partir de 2013.

Evitando ressuscitar a polêmica criada na época da votação do reajuste, a maioria fugiu. Literalmente. E, um deles, de maneira cinematográfica, para dizer o mínimo. Não à toa, a sessão foi encerrada pouco depois da chegada do CQC. Com o plenário evacuado, a produção, então, se encaminhou para o estacionamento da Casa para aguardar a saída dos vereadores. Mas houve quem preferisse deixar o carro lá mesmo e ir embora de táxi para despistar a reportagem. O curioso era que as tentativas de fuga eram “denunciadas” pelos próprios funcionários da Câmara. Muitos vereadores aguardaram no “Buraco Frio” – espaço restrito – para sair por uma porta onde não houvesse vigília.

O desvio, porém, não funcionou para Inácio Neto (PSB). Ao ser surpreendido pela equipe do CQC, o socialista, vestido de paletó e gravatá, saiu correndo em disparada pela calçada da Avenida Princesa Isabel, no Centro. Em seu encalço, estava a produção do programa gravando a “fuga” sob os gritos de “pega, pega...”, simulando uma perseguição policial, que chamou a atenção dos transeuntes. Inácio atravessou a rua entre os carros e terminou não sendo alcançado pela equipe. Embora tenha rendido boas gargalhadas, a postura do vereador foi alvo de críticas de quem acompanhou a cena inusitada. “Vergonhoso! Parecia um ladrão fugindo da polícia”, comentou uma das pessoas que presenciou tudo, mas não quis ser identificada.

Os poucos que se atreveram a enfrentar a reportagem precisaram enfrentar perguntas do tipo: “Se a sua empregada chegasse um dia dizendo que havia aumentado seu próprio salário em 62%, o que o senhor faria? Por quê, então, vocês fazem isso com a população?”, questionava o repórter Ronald Rios. Entre os vereadores abordados, estavam Vera Lopes (PPS), Jairo Britto (PT), Marco di Bria (PTdoB), Almir Fernando (PCdoB) e Eri Silva (PTC). Todos saíram com a justificativa de que o reajuste estava previsto na legislação. A eles também foi entregue uma “marmita”, como sugestão para derrubarem o auxilio-alimentação de R$ 2 mil mensais a que têm direito.

Fonte: Jornal do Commercio

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