quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Livro estimula indisciplina é condenado por professores

Livro do comediante Danilo Gentili do 'CQC' oferece 23 lições para que o leitor viram o pior aluno

Colar na prova, não entregar as lições de casa, matar aulas, fazer bagunça na sala e ainda dar choque nos colegas, e tudo mais que possa irritar um professor e transformar alguém no pior aluno da Escola, está sendo ensinado, passo a passo, lição a lição em livro que já está circulando entre estudantes de Escolas de Natal. Lançado em 2009, o livro "Como se tornar o pior aluno da Escola", do comediante, publicitário e cartunista Danilo Gentili, do "CQC", da Band, é polêmico e oferece 23 lições para que o leitor se transforme em um baderneiro de mão-cheia.

Professores, pais e até mesmo os alunos se unem na crítica ao livro que não recomendam para ninguém, porque dizem estimular a violência, o bullyng e a irresponsabilidade, prejudicando a formação educacional da criança e adolescente. Ao ter conhecimento que um aluno tinha conseguido um exemplar, o coordenador pedagógico do Colégio Marista Santo Antônio, Nery Adamy, chamou a atenção dos pais e professores.

"Esse livro é uma afronta à boa convivência entre professor e aluno em sala de aula. Apesar de o livro estampar na capa que não é recomendável para estudantes, ele direciona sua mensagem exatamente para as crianças e adolescentes em idade Escolar. Considero uma irresponsabilidade absurda e descompromisso com Educação o fato de uma editora publicar um material desses usando o título de humor".

Para o coordenador pedagógico, o livro deturpa os valores, incita o aluno à prática de atos de vandalismo na Escola e a ter uma conduta que pode influenciar seu comportamento durante toda vida. Para o autor é normal que o aluno desrespeite professor, pais, família e os próprios colegas, tornando a sala de aula um ambiente que ele chamou de "selva escolar".

O professor João Maria Fraga, que também é pai dos alunos Luan Fraga, 13, e Sophia Fraga, 7, também externou seu descontentamento com o livro: "Eu tenho amigos que gostariam de lançar livros de poesia, romances e verdadeiras obras de pesquisa e não conseguem porque faltam recursos. Enquanto isso, entra no mercado um livro desses que só promove a inversão dos valores. Por que não lançam um livro mostrando como ser um excelente aluno em sala de aula, ou como ser um o melhor pai para a família?", indaga o professor.

O presidente do grêmo estudantil do Marista, Felipe Augusto Madruga, 16, também faz restrições ao livro. Estudante do segundo ano do ensino médio, ele considera o livro um verdadeiro manual do vandalismo. "Isso é uma apologia ao erro na sala de aula, o livro influencia negativamente crianças, adolescentes e jovens que ainda não têm consistência psicológica. Esses atos praticados podem ter consequências horríveis não apenas para o estudante como também para o futuro profissional".

Os capítulos do livro são cheios de ilustrações feitas pelo próprio comediante, ensinando a colar nas provas, chegar atrasado, criar uma doença convincente, colocar apelidos nos colegas, brigar, jogar a culpa no outro, espalhar fofoca e até a não ler livros e dar choque elétrico no colegas e professores.

Obra irônica
Indignado com o que viu, o professor Nery Adamy resolveu enviar um e-mail para editora Panda que publicou o livro. Na mensagem ele disse que ficou indignado não pela falta de responsabilidade social do autor, mas sim de uma editora que se presta a isso. Em resposta ao professor, a editora disse que o livro, na verdade, usa de muita ironia para criticar os maus alunos, os professores relapsos e também os estabelecimentos de ensino que só estão preocupados em lucrar, e não em ensinar.

Experiência própria
Danilo sabe como "ensinar" todas estas artes porque ele próprio foi o pior aluno da Escola. Em seu histórico Escolar, acumulou 78 assinaturas no livro negro, 12 suspensões e 1 expulsão. Na infância ele já dava mostras de seu futuro: aos 4 anos fez sua primeira piada inconveniente, e, aos 7, começou a desenhar planos terríveis.

Apesar de ter sido expulso algumas vezes da sala de aula da faculdade, conseguiu formar-se em comunicação social. Após a expulsão de vários empregos, ajudou a erguer o cenário da comédia stand-up no país e foi convidado para integrar o programa de humor "CQC". Em sua primeira matéria para o programa conseguiu ser expulso do zoológico, e a primeira vez em que visitou Brasília foi expulso do Congresso.

Fonte: Portal 180 Graus

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